Filosofia para o ensino médio - textos e reflexões

Blog dedicado a professores e estudantes do ensino médio, contendo textos, músicas, poesias e outras referências.

sábado, 9 de maio de 2009

Programa de Índio - etnocentrismo nosso de cada dia

Depois de uma longa e complexa explicação, meu amigo antropólogo conseguiu fazer com que o taxista finalamente entendesse sua profissão, dizendo: "Trabalho com índios". O motorista então perguntou, interessado: "E aí, eles estão melhorando?" Meu amigo não entendeu. "Como assim, melhorando?" "Assim, evoluindo: ou ainda estão naquele atraso da época do descobrimento?"
Infelizmente, a maioria das pessoas pensa como o taxista. Como se numa suposta corrida, nós, descendentes da cultura europeia e pertencentes a esse negócio chamado "civilização ocidental", (...) estivéssemos na frente dos índios. Só que não tem corrida nenhuma e os conceitos de frente etrás desaparecem no ar, como a fumaça que sai dos escpamentos dos carros ou do cachimbo do pajé.
Claro que, se formos comparar o conhecimento técnico ou o domínio sobre a natureza, nossa sociedade é muito mais desenvolvida do que a dos ianomâmis. Nós fazemos foguetes que vão á Lua e hidroelétricas que produzem energia, eles sequer fundem metais. Por que então não podemos dizere que somos mais "evoluídos?" Porque não está escrito emlugar nenhum que o bjetivo do homem na Terra é desenvolver-se tecnicamente e dominar a natureza. Se pensarmos que "evolução" é chegar o mais perto possível de uma sociedade igualitária, então nós somos um fiasco, com milhões de pessoas vivendo na miséria. Os ianomâmis, o auge da evolução.
Não quero, de maneira nenhuma, passar a falsa idéia de que nós somos maus e os índios bonzinhos. Eles também fazem guerra e matam uns aos outros, assim como os povos mais civlizados. O que estou dizendo é que, se avida não tem um sentido viver seminu na selva louvando o grande deus da jaca é tão evoluído ou idiota quanto correr de Nike air numa esteira contando as calorias.
Meu amigo, no entanto, ficou com preguiça e simplesmente respondeu ao taxista: "Não melhoraram nada, estão iguaizinhos". O taxista moveu a cabeça de um lado para o outro, triste e parado num trânsito de 137 quilômetros, 30 quilos acima do peso, fumando excessivamente e casado com uma mulher que não ama, falou: "Coitados".
Antonio Prata - Revista Capricho s/d. Indicação: Marina Roale - estudante do 3° ano EM - CSRO